De outras terras e outras línguas te acordar

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Este trabalho aborda a vigilância ideológica e de costumes dos aparelhos do Estado durante a Ditadura Militar no Brasil, especialmente na música. Destaca-se o caso de Taiguara, um compositor que ao tentar reiteradamente defender pessoalmente suas canções acabou criando no meio censório uma reputação de inconformista. Isso eventualmente se agravou à medida que o regime militar passou não só a cercear canções sobre costumes, mas também conteúdo considerado subversivo. Assim a carreira do músico em paralelo à escalada da repressão desde o Golpe de 1964 estabelece um nexo de causalidade. A vigilância começa a se evidenciar mesmo durante os festivais musicais televisionados na década de 60 nos quais o músico tinha presença constante. Isso iria causar os dois períodos de exílio de Taiguara, o primeiro na Inglaterra e o segundo na Tanzânia. O álbum Imyra, Tayra, Ipy (1976) foi o auge da perseguição, pois, mesmo tendo passado na peneira censória foi recolhido às pressas logo após sua distribuição. Além da discussão sobre o exílio e a censura enfrentados por Taiguara, são analisadas soluções musicais e letras do compositor nesse contexto. A postura crítica e a defesa de pautas que hoje seriam classificadas como progressistas destacaram-no como um artista em busca de liberdade de expressão.

Downloads

Não há dados estatísticos.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Biografia do Autor

Aldo Luiz Leoni, Universidade de São Paulo

Aldo Luiz Leoni é mestre em História Social da Cultura pela UNICAMP, bacharel em História Social pela Universidade Federal de Ouro Preto. E atualmente é doutorando na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, no Programa de Pós-Graduação em Mudança Social e Participação Política na linha de pesquisa Arte e Sociedade. Faz parte como pesquisador do LAMUS – EACH/USP (Laboratório de Musicologia) e do Grupo de Estudos sobre Bandas de Música. É autor da transcrição e edição crítica do copiador de cartas de Dom Frei Manuel da Cruz, bispo do Maranhão e de Mariana no século XVII. Se dedica principalmente ao estudo do lugar social do músico na sociedade levando em conta interseccionalidades entre raça, escravidão e liberdade e suas consequências.

Fernando Tavares, Universidade de São Paulo

Fernando Tavares é mestre em Musicologia pela ECA-USP, especialista em Docência no Ensino a Distância pela UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e Licenciado em Música pela Unimes (Universidade Metropolitana de Santos). Atualmente é doutorando do Programa de Pós-graduação em Musicologia da Escola de Comunicação e Artes (PPGMUS-ECA/USP). Como pesquisador, trabalha no LAMUS – EACH/USP (Laboratório de Musicologia) e no LEDEP – EACH/USP (Laboratório de Educação e Desenvolvimento Psicológico). Foi colaborador de importantes revistas para o Contrabaixo como Coverbaixo (na qual atuou como colaborador entre 2005 e 2010), Bass Player Brasil (colaborador e colunista entre 2011 e 2017 e como editor didático entre 2013 e 2017), tendo publicado um número de 243 matérias nestas duas publicações. Tem se apresentado em importantes congressos musicológicos no Brasil e exterior, especialmente divulgando suas pesquisas sobre o processo pedagógico dos partimentos, dos esquemas galantes e da música popular.

Diósnio Machado Neto, Universidade de São Paulo

Professor Livre-Docente II da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP) e professor dos programas de Pós-Graduação em Musicologia da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Programa de Mudança Social e Participação Política da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo. É Pesquisador Produtividade 2 do CNPq. É coordenador do Laboratório de Musicologia (LAMUS-EACH). É membro dos Studys Groups IMS Italian and Ibero American Relationships Study Group (RIIA) e Early Music in the New Word. Integra o Núcleo Caravelas do CESEM da Universidade Nova de Lisboa. Recebeu Menção Honrosa no Prêmio Capes em 2009 pela tese «Administrando a festa: Música e iluminismo no Brasil colonial», transformada em livro em 2013. É membro-fundador da Associação Regional para América Latina e Caribe da International Musicology Society (ARLAC-IMS) e da Associação Brasileira de Musicologia (ABMUS).

Como Citar
Leoni, A. L., Tavares, F., & Machado Neto, D. (2024). De outras terras e outras línguas te acordar. Contrapulso, 6(1), 40-55. https://doi.org/10.53689/cp.v6i1.240
Seção
Dossiê Álbuns do exílio: música popular, política e experiências