Música popular na contramão das políticas sexuais hegemônicas: Brasil, década de 1970
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Este artigo incursiona pelos caminhos da história da música popular brasileira na década de 1970, que assinalou a emergência, numa proporção jamais vista, de compositores/as, cantores/as e canções que tematizaram a problemática das mulheres, da sexualidade e da erotização das relações de gênero. Destacaram-se, então, outros enfoques, para além dos habituais, sobre questões que envolvem as relações afetivo-sexuais, a ponto de abarcarem também, num segundo plano, temas referentes ao universo gay e à androginia. Compreender o significado desse momento histórico, quando – em meio à ditadura militar e a um suposto “vazio cultural” – outras formas de ação e/ou de contestação política adquiriram força e expressão social, é um dos propósitos fundamentais do texto. Ele pretende evidenciar o alargamento da noção de política, em circunstâncias sob as quais ganhou espaço a concepção feminista de que “o pessoal é político” e de que as políticas do corpo eram igualmente uma maneira legítima de afirmação da presença no mundo de sujeitos sociais nem sempre valorizados politicamente. Para tanto, a produção no campo da música popular – desde as canções, suas interpretações, até as capas dos discos – fornece elementos que desaguarão na reflexão sobre os enlaces estabelecidos entre as áreas da cultura e da política.